4 de maio de 1970
Caríssimo H,
Hoje é um dia muito especial. Você sabe o porquê?
100 páginas!
100. Foram tantas alegrias que eu já compartilhei com
você...
Apesar do tempo, eu ainda gosto de reler alguns momentos
para me desvencilhar da vida que tenho levado. Eu me sinto uma idiota quando
leio algumas coisas...
Lembra-se da vez em que eu tropecei na escada por causa de
uma garota mal educada? E no dia seguinte eu descobri que ela era filha do
produtor do meu filme? Eu tenho que rir.
H, você foi e ainda tem sido um dos melhores amigos que eu
poderia ter. Ninguém em sã consciência me ouviria do jeito que você ouve.
Você esteve presente quando eu perdi a vontade de atuar.
Quando eu perdi minha mãe no ano passado... Você foi um ombro de papel, um
ombro que toda mulher deseja ter, mas poucas conseguem. A sociedade intimida as
mulheres de tal jeito que nenhuma delas se sente segura para escrever, atuar, ou fazer qualquer outra
coisa que não seja cuidar da casa e dos filhos mimados.
Graças à minha experiência de vida, eu consegui me libertar
destes hábitos nojentos da sociedade desde que tinha cinco anos.
Sab, a gente não escolhe o ué a gente vai ver ou ouvir em
nenhum momento da vida, a não ser quando somos crianças... As crianças têm uma
liberdade individual incrível! Eu poderia ter largado pra lá quando tudo
aconteceu nos meus cinco anos, mas eu escolhi assistir tudo do início ao fim, e
acho que isso me fez quem eu sou hoje.
Bem, centésima página escrita para o Diário da grande
estrela!
A gente se vê numa próxima, o trabalho me chama aqui do
lado...
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